sábado, 5 de outubro de 2013

Literatura

Crime e Castigo - Dostoiévski
Loide Branco


Crime e Castigo




"Não era curioso saber do que têm mais medo as pessoas? De um passo novo, de uma palavra nova própria, é esse o maior medo delas..."  (Crime e Castigo, pg.10)



Esse livro eu comprei em Coimbra em 2008, ou seja, já se passaram 5 anos, mas só pude lê-lo ano passado. É bem longo, mas quando se começa quer continuar lendo, quer saber do final; quantas vezes me senti tentada a ler o último capítulo, mas me controlei pois perde a graça e então foi aquela tortura de capítulo  em capítulo, vendo quantos ainda faltavam mas enfim, uma hora cheguei ao epílogo... 

Esse livro, como foi dito no outro post,  foi o primeiro romance de Dostoyevsky   ou Dostoiévski (em português) e foi publicado em 1866, ele só tinha 25 anos. Então imagine você toda essa reflexão psicológica sobre a sociedade, o ser humano a religião. Fico pensando como que fervilhava de ideias a mente dele.

Vou contar só um pouquinho da história...

Crime e Castigo é a história de Raskolnikov  um estudante de 23 anos, que vive em conflito, mora em um pequeno quarto alugado em S. Petersburgo, e que está passando por dificuldades financeiras, não tem dinheiro para pagar seu aluguel, não tem nem o que comer mas seu amigo Razumikhin tenta ajudá-lo no entanto, ele recusa, e decide assim inventar um plano para matar e roubar uma agiota desagradável e idosa que se chama Alyona Ivanovna. 

A sua motivação estava no fato de que ele sentia que possuía uma tarefa, que estava predeterminada por um poder que estava além dele. Enquanto ainda planeava ele faz amizade com Semyon um bêbado que havia recentemente desperdiçado o pouco de dinheiro de sua família. Ele recebe também uma carta de sua mãe que pretende visitá-lo e falar sobre os planos de casamento de sua irmã.

Depois de muito pensar, resolve por seu plano de assassinato em prática , consegue então entrar no apartamento de Alyona e dar cabo ao plano, ele a mata com um machado e também mata a meia irmã de Alyona, a Lizaveta que está na hora e local errado. Trêmulo por sua ação, rouba alguns itens, uma pulseira, deixando muito do dinheiro da agiota intocável. Ele foge então e devido a uma série de coincidências consegue deixar o local sem ser visto.

Depois do assassinato Raskolnikov cai num estado febril e começa a se preocupar obsessivamente sobre o assassinato. Esconde os itens roubados debaixo de uma pedra e tenta limpar suas roupas desesperadamente de qualquer sangue ou evidência. Ele cai numa febre durante aquele dia mas consegue chamar seu amigo Razumikhin. A febre vai e volta nos dias que se seguem. Raskolnikov se comporta como se quisesse trair a si próprio. Ele demonstra uma reação muito estranha para qualquer pessoa que comente sobre o assassinato da agiota, que agora é conhecido em toda a cidade.

No seu delírio, ele vagueia por S. Petersburgo trazendo mais e mais atenção para si e a relação com o crime. Numa dessas caminhadas pela cidade ele encontra Marmeladov, o bêbado que foi atropelado mortalmente por uma carruagem e corre para o ajudar. Raskolnikov dá o restante de seu dinheiro para a família do homem o que inclui a sua filha adolescente Sonya que tem sido forçada a prostituir-se para sustentar a família.
Nesse meio tempo a mãe de Raskolnikov e sua irmã Dounia chegam na cidade. Dounia  trabalhava como governanta para uma família mas foi forçada a largar a sua posição porque o dono da casa se sentiu atraído por ela, por sua beleza e suas qualidades. Oferece-lhe  dinheiro bem como fugir com esta. Dounia então sai do emprego e perde a sua única fonte de rendimento, conhece então Pyotr um homem classe média mas que propõe casar-se com ela, dessa forma assegurando a mãe e a esta uma segurança financeira. Mas ela tem que aceitar rápido o pedido e sem fazer perguntas e é por esta razão que as duas vão para S. Petersburgo primeiro para encontrar-se com Pyotr e também para para conseguir o consentimento de Raskolnikov. Piotr fala com Raskolnikov quando este está em estado de delírio e se comporta de maneira hipócrita. Raskolnikov recusa-o imediatamente como um marido em potencial para a sua irmã e percebe que esta só o aceitou para ajudar a família. 

Vou parando por aqui vá lá e lê o livro :-)
Li um comentário que diz que o livro tem como foco a angústia mental e moral bem como o dilema de Raskolnikov que diz (justifica) que com o dinheiro da agiota ele poderá realizar boas ações para contrabalancear o crime, enquanto livra o mundo de uma verme inútil. Ele também comete esse crime para provar a sua própria hipótese de que algumas pessoas são naturalmente capazes de tais coisas, e que possuem o direito de o fazer. Muitas vezes por todo o romance Raskolnikov justifica as suas ações tentando aproximar-se mentalmente de Napoleão Bonaparte, acreditando que matar é permitido se estiver em causa um propósito maior.
Ele  é descrito como execepcionalmente bonito, alto além da média, magro, com olhos castanhos escuros e cabelos castanhos. Mas o que chama a atenção é a sua dupla personalidade apática e antisocial e ao mesmo tempo caloroso e com compaixão. Ele comete um assassinato mas também atos de caridade. Sua interação com o mundo externo é caótica e sua visão de  mundo do ponto de vista do  niilismo (o Niilismo (de forma rápida) é uma palavra que vem do latim nihil, nada, é um termo, um conceito filosófico. É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao "porquê". Os valores tradicionais depreciam-se e os princípios e os critérios absolutos dissolvem-se". "Tudo é sacudido, posto radicalmente em discussão. A superfície, antes congelada, das verdades e dos valores tradicionais está despedaçada e torna-se difícil prosseguir no caminho, avistar um ancoradouro"Existem várias concepções, vale a pena dar uma olhada.) talvez seja a causa de sua alienação social ou a consequência disso.

Apesar do nome do romance ser Crime e Castigo o romance não fala muito do crime em si e de sua punição formal mas sim da angústia interna de Raskolnikov que o seu castigo resulta muito mais de sua consciência do que da lei, a ponto deste ficar psicologicamente muito doente.
Bom, existem muitas considerações filosóficas, literárias, análises de cada um dos personagens, a motivação do pensamento de Dostoyevsky, o que pensava, o que não pensava, críticas, assunto para PHd's com certeza.
Eu sou leiga em absolutamente todos esses campos, sou leitora  apenas e o que li foi o romance, e confesso que fiquei angustiada do início ao fim, pois o autor consegue passar esse sentimento, você consegue sentir simplesmente e as reflexões acerca da moral que conhecemos, o estado das coisas desse mundo (daquele mundo do século XIX), acabam vindo automaticamente em sua mente e nos pegamos a pensar em todas essas coisas...
É aterrorizante pensar que uma pessoa que era "boa" torne-se um assassino e que esta mesma pessoa depois perceba que o crime que cometeu não modificou o seu mundo a sua vida, aliás modificou para pior, pois quase enlouquece de tanto peso na consciência, restando apenas dizer a verdade para compensar o mal que causou e quem sabe restaurar de alguma forma o que foi perdido.
Acredito que nós enquanto seres humanos cheios de sentimentos, pensamentos e ideias (loucas e sãs) vivemos realmente numa linha muito tênue entre o certo e o errado, em um piscar de olhos podemos passar de um lado para outro muito facilmente e o que nos segura?

Gostei de conhecer o estilo de Dostoiévski, saber mais um pouco sobre sua vida e seu mode de pensar. Recomendo a leitura deste livro, mas tem que ter paciência!!!

Boa leitura :-)))








sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Literatura

Chá Verde  e Um pouco de Dostoyevsky
Loide Branco 

foto: celebritytypes



Há alguns dias eu disse que ía comentar sobre a minha impressão sobre alguns livros que andei lendo, já falei um pouco de Kafka e do livro O Processo e agora é a vez de Dostoyevsky em dose dupla, pois li duas obras e vou seguir o mesmo estilo, primeiro falo um pouco sobre ele, depois das obras. Claro que não sou crítica literária e nem tenho nenhuma pretensão, mas acho legal deixarmos nossa impressão naquilo que lemos, de repente um assunto para nós trocarmos ideias se quiserem.

Então não pretendo citar toda a biografia de Dostoyesvsky mesmo porque é imensa e nem quero ser cansativa. Se você tiver curiosidade, disposição existem vários sites, livros que falam sobre este monstro da literatura russa. Vou citar apenas alguns detalhes para nos situarmos no tempo de sua escrita.

Fyodor Mikhailovich Dostoyevsky foi um romancista russo, ele escrevia histórias curtas, ensaios e foi também filósofo. A sua escrita explorava a psicologia humana em contextos de problemas políticos e também sobre a atmosfera espiritual da Rússia do século XIX, interessante não é?Começou a escrever aos 20 anos de idade quase uma criança e a sua primeira novela foi  Gente Pobre, publicada em 1846 quando estava com 25 anos. Em suas obras destacam-se Crime e Castigo de 1866, O Idiota de 1869 e Os Irmãos Karamazov de 1880. Ao todo ele escreveu 11 romances, 3 novelas, 17 novelas curtas e vários outros trabalhos. Muitos críticos literários colocam-no como um dos maiores e mais proeminente psicólogo no mundo literário. Quem quer contestar?

Ele nasceu em 1821 em Moscou e foi introduzido muito cedo a literatura russa e também estrangeira. Quando estava apenas com 15 anos, sua mãe falece e nessa mesma época ele deixa a escola e entra para o Instituto de Engenharia Militar Nikolayev. Depois de sua graduação ele começa a trabalhar como engenheiro aproveitando a vida luxuosa, e para ganhar algum dinheiro extra, ele traduz livros. Foi em 1840 que escreveu seu primeiro romance Gente Pobre o que lhe abriu as portas para o círculo literário de St. Petersburgo.  Eu não sabia que ele tinha sido engenheiro e  também tradutor.

Em 1849 foi preso por seu envolvimento no Círculo Petrashevsky, uma sociedade secreta de utopistas liberais que também funcionava como um grupo de discussão literária. Ele foi acusado de conspiração, de ler livros de Belinsky incluindo o livro Correspondência com Gogol e também de estar circulando cópias deste e outros trabalhos. O agente do governo Russo que fez a denúncia disse que pelo menos um dos papéis criticava a política e a religião russa. Dostoyevsky responde a acusação dizendo que apenas leu esses artigos como monumento literário, nem mais nem menos e que falava da personalidade, e do egoísmo humano em vez de política. Mesmo assim o conde Orlov e o Czar Nicholas I  com medo de uma revolução ordena que sejam levados para a Fortaleza de Pedro e Paulo, lugar onde estão os presos de maior periculosidade.

O caso foi discutido por 4 meses e ao final Dostoyevsky e os demais membros foram condenados a morte por fuzilamento  no dia 23 de dezembro de 1849. Foram dividios em três grupos, Dostoyevsky era o terceiro da segunda fila mas no último momento uma nota do Czar Nicholas I foi entregue ao esquadrão de fuzilamento, alterando a sentença para 4 anos de trabalho forçado na Sibéria. Na prisão começou a ter ataques epiléticos  e quando foi posto em liberdade foi ainda forçado  a servir como soldado antes de ser dispensado por invalidez. Você consegue imaginar  essa situação? quase morre, mas escapou por um fiozinho...é de arrepiar ...e olha que a prisão lá da Sibéria era só mesmo para os fortes como bem descreve Dostoyevsky que por todo o tempo que esteve preso ficou com os pés e as mãos algemados, só podia ler o Novo Testamento (uma coisa boa). E  para somar aos ataques epiléticos ele também tinha hemorróidas, perdeu peso e foi atacado por uma febre, tremia e sentia muito quente e muito frio todas as noites

 "No verão a proximidade era intolerável, no inverno o frio era insuportável. O chão estava podre. A sujeira do chão uns 3 centímetros; alguém poderia escorregar e cair... estávamos empacotados tal qual arenques em um barril ( tipo sardinha enlatada)...não havia como virar-se. Do escurecer ao amanhecer era impossível não se comportar  como porcos...Pulgas, piolhos, besouros pretos pelo alqueire"... Fyodor Dostoyevsky, Pisma, I: pp. 135-7

Nos anos que se seguiram, Dostoyevsky trabalhou  como jornalista, publicando e editando  várias revistas de sua própria aultoria e depois  O Diário de um Escritor, uma coleção de seus escritos. Começou a viajar pela Europa e tornou-se viciado no jogo o que o levou a problemas econômicos. 

Por um período ele teve que mendigar por dinheiro, mas, eventualmente se tornou um dos escritores russos mais lidos e conceituados. Seus livros foram traduzidos em mais de 170 línguas. Influenciou uma multidão de escritores e filósofos desde Anton Chekhov e Ernest Hemingway a Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre.

No dia 9 de Fevereiro de 1881 morre em decorrência de uma hemorragia pulmonar. Um repórter da época disse que mais de 100.000 pessoas estavam presentes naquele dia. Uma das últimas palavras de Dostoyevsky refere-se a um versículo da Bíblia, Mateus 3: 14-15 " Mas João o impedia, dizendo. Eu é que preciso ser batizado por ti e Tu vens a mim? E, respondendo Jesus, disse-lhe:  Deixai que seja assim agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça".

Tem ainda muito mais para saber sobre este grande escritor, mas ele já falava do caos da sociedade russa do século XIX e todas as mazelas, tão próximas de nossos dias não é? sua vida não foi tão fácil, claro que teve muitas críticas negativas também,  mesmo assim continuou a escrever e deixou um legado para todos nós.

Boa leitura!!! :-)))








segunda-feira, 30 de setembro de 2013


Shocking  News.....Mr. Darcy is dead!!!
Loide Branco






Logo cedo  vi o post de uma amiga  sobre o novo livro de Bridget Jones, e a notícia da morte de Mr. Darcy o advogado inglês, charmoso, rico e muito inteligente, além do que o par perfeito de Bridget Jones. Fui então dar uma olhada na fonte,  no jornal inglês The Guardian.

O terceiro volume do Diário de Bridget Jones escrito por Helen Fielding e  interpretado por Renée Zellwegger and Colin Firth, Mr. Darcy já não existe, Bridget está viúva, tem dois filhos e está com 51 anos...

Há quem não goste desse filme e desse tipo de comédia, mas eu gosto!

Ontem mesmo estava no meu momento de tédio total e o Diário de Bridget foi o filme que assisti  pela talvez 10000 vezes. É sempre engraçado as aventuras de Bridget, as situações hilárias que se mete,  os conselhos de seus amigos muito estranhos, e também o querido Mr. Darcy, tão british and cute. Sem falar das imagens da minha sempre querida e amada Londres de todos os tempos...E eu já estava pensando, quando será que vem o próximo filme e como serãos as novas aventuras...e daí esta notícia....  :(

Não gostei nadinha...vamos ver se ele Mr. Darcy poderá renascer das cinzas tal qual a fênix!!!

Boa semana!!! :-)))

domingo, 29 de setembro de 2013



Hoje é dia de Doktor Zjivago
"Förbjuden kärlek i revolutionens tid "
Amor proibido em tempos de revolução :-)
Loide Branco 











O filme de 1965 baseado no romance de Boris Pastenark é uma mistura de drama, romance e guerra. 

Mas a versão que tenho aqui em casa é com a Keira Knightley.


A trama aontece na época da Revolução Russa de 1917 e conta a história de Yuri Jivago e Lara Antipova Lara é filha de uma costureira russa viúva e muito pobre e tudo que possui é "dado" por Victor Komarovsky um homem rico, influente e inescrupuloso.

Victor se encanta com a beleza de Lara e a quer para si, para tanto manipula a  mãe que cede e  entrega a filha a este em seu aniversário de 17 anos. A mãe recusa-se aceitar o relacionamento, sofre e tenta praticar o suicídio. 

O médico é chamado para socorrer a mãe de Lara e junto com este vem Jivago que na época era estudante de medicina. Ele cuida da mãe de Lara e conversa um pouco com esta.

Em uma festa da alta sociedade Lara aparece e tenta matar Victor, porém erra o alvo, Jivago que estava presente com a noiva Tonya,  a reconhece e  fica surpreso com sua coragem.

Tempos depois Lara decide-se casar com Pascha Strelnikoff um jovem romântico e revolucionário.

Jivago casa-se com Tonya, a guerra começa, Pascha descobre a verdade sobre Victor e Lara, revolta-se, decide se alistar  e dessa  forma se afasta de Lara.

Lara acaba por encontrar Jivago quando ambos estão fazendo trabalho voluntário na 1a. Guerra, ela enfermeira e ele médico cuidam dos feridos e passam a se conhecer melhor.

Com o fim da guerra Jivago e Lara voltam para as suas famílias e perdem o contato. Jivago ao  retornar para casa em Moscou, ver toda a decadência da alta sociedade russa e junto com a esposa, filho e sogro decidem fugir para o interior...para os Urais...

E a história continua... são dois cds 3h e 55 minutos  de pura emoção. 

Adoro esse filme porque não só por ser um romance, mas por também tratar de um momento muito difícil que foi a guerra, além do que a paisagem é belíssima.

Se não assistiu ainda, vale a pena!
Bjs e bom domingo !!!!

:-)))