sábado, 8 de março de 2014





Dia 08 de Março e as Daffodils








Hoje o dia amanheceu ensolarado, um lindo dia realmente....embora o vento forte e o frio ainda nos persiga os primeios "lampejos" de primavera parecem surgir....um bando de aves migratórias que passa por perto, a neve que derreteu, a temperatura que saiu da faixa negativa, o farfalhar de folhas pelos passarinhos arranjando seus ninhos, tudo conspira, até nos supermercados e feiras podemos já encontrar os bulbos dessas florzinhas amarelas e lindas típicas da época da primavera sueca que conheço como "daffodils".

Só nos resta sonhar com o aproximar daqueles dias em que não temos que nos preocupar em termos um agasalho porque sabemos que o tempo estará bom, que podemos ajeitar as plantas novamente pelo jardim, podemos fazer longas caminhadas ao ar livre, que época maravilhosa ...

Tudo isso é um  presente singelo da natureza, uma promessa de dias melhores de felicidades no nosso dia internacional da mulher.




Coisas da Suécia...

Em março teve também  "Vasaloppet em Mora "


É uma corrida, uma maratona anual de longa distância, 90km  de ski cross-country que acontece no primeiro sábado de março entre Sällen e Mora. É considerada a mais antiga, longa e maior em termos de participantes. A primeira aconteceu em 1922 e foi inspirada pelo rei  Gustav Ericson Vasa em 1520.

Diz a lenda que ele, o jovem nobre Gustav estava fugindo das tropas do rei dinamarquês Christian II, quando chega  em Mora e tenta convencer a assembléia local a fazer uma rebelião contra as arbitrariedades do rei dinamarquês porém estes decidiram não o apoiar. Ele continua então sua fuga rumo a Noruega em busca de refúgio e quando estava próximo a Sällen foi capturado por dois homens  de Mora em seus skis. Os cidadãos de Mora decidem mudar de ideia ao descobrirem que o rei dinamarquês irá aumentar os impostos e pedem então para que o até então nobre  Gustav lidere a rebelião. Em 06 de junho de 1523 Gustav é coroado rei, ele dissolve a União de Kalmar  e a Suécia se torna totalmente independente.

Em nossos dias, os suecos procuram percorrer o caminho que o rei fez então é um momento muito esperado para os amantes do esporte.

As crianças também participam só que não fazem os 90km. Os 90km são para os que tem um bom condicionamento físico ou que querem participar do desafio. 

A minha professora este ano participou e nos contou a sua experiência, disse que fez o trajeto em 6 horas, que foi muito puxado, que não há banheiros pelo caminho, que a pessoa tem que ter muito fôlego para não desistir. A inscrição é feita com antecedência e se não me engano no mês de outubro. Os participantes trazem no tornozelo um cronômetro para saber exatamente a sua colocação. Ela nos disse que só não desistiu porque a sua filha estava a espera torcendo e contando com a sua vitória certa. Não ganhou medalha mas ganhou um certificado e a sensação de dever cumprido. Segundo ela, foi a primeira e última vez, não repetirá...


Eu como nunca pratiquei ski além do que, não tenho um bom joelho então... não irei participar de uma maratona desta, mas torço e admiro muito quem vai e faz, acho ótimo podermos nos superar de vez em quando e encontrar motivação para prosseguirmos nosso caminho.







quarta-feira, 5 de março de 2014

lembranças de fim de tarde




Bolo de banana e canela




Uma das melhores lembranças que guardo da minha  infância, era aquele cheirinho de bolo caseiro que se espalhava pela casa no fim de tarde, feito pela melhor cozinheira do mundo -  mamãe! haverá  coisa melhor???


Cotidiano


O que têm para hoje é....



Em Vimmerby 

"Carregar um pouco de pedra"  embora cansativo é o que tem para hoje...ficamos apenas na expectativa de que lá na frente haja alguma 
satisfação...











separando a leitura obrigatória...

papéis e mais papéis...tentando reduzir....mais tá difícil, tudo é importante..

e o trabalho de digitação não acaba nunca..

Agora é arregaçar as mangas e pegar o bicho pelo chifre e trabalhar porque o tempo  é implacável, não da colher de chá para ninguém...

Beijosssss e bom dia 


:))))

segunda-feira, 3 de março de 2014


Bom dia  ...



Tudo que preciso agora é um café forte e coragem para começar a semana... :))))




domingo, 2 de março de 2014

Hora do café

"Restos literários" convertidos e uma certa nostalgia




Susan Sontag, 1979 foto de Dominíque Nabokov




Entre uma leitura e outra  e um café fresquinho num dia frio de chuva fina misturada com neve,   li um artigo na Folha de São Paulo chamado "Nos Arquivos de Susan Sontag"  que me chamou a  atenção. Eu  não a conhecia e nunca li nada de seus livros mas com certeza irá para minha lista.

O artigo fala da experiência que o biógrafo Benjamin Moser  teve ao vasculhar os vastos arquivos desta escritora americana Susan Sontag (1933-2004), formada pela Universidade de  Harvad, defensora dos direitos humanos que possui uma bibliografia longa, alguns de seus livros: "A  vontade radical,  Assim vivemos agora, O Benfeitor, contra a interpretação e Na América, que ganhou o National Book Award de 2000, entre outros escritos.

Ele então falando de sua experiência conta que  Susan colecionava listas de palavras tais como "tegumento, "fedora de aba caída", "mingau", "mofa", palavras estas encontradas em suas leituras e viagens. Susan Sontag tinha uma vida muito internacional e mesmos os escritores famosos da geração passada, estes costumavam ir  para destinos como Londres, Paris e Roma. Essas capitais segundo Susan eram importantes sim mas outras como São Paulo, Estocolmo e Sarajevo também tinham a sua importância. Então você imagina a pessoa de Susan, seu modo de ver e pensar o mundo fora daquele quadrado programado e também você pode imaginar essa lista de palavras que é muito curioso.

Conta que  no vasto arquivo  havia "caixas com pedaços de papel, fotos, diários, faturas de hotel, programas de óperas, cartas de amor, rascunhos de manuscritos (alguns inéditos) um material que emociona quem os tem a mão e que é revelador de coisas que muitas vezes só um documento original pode expressar". Nossa como me identifiquei com ela, eu sou perita em guardar e trazer tralhas de  tudo que é lugar que vou, mas o interessante (no meu caso) é que o tempo, às vezes anos se passam e você se vê remexendo naquela caixa de recordações e como é bom relembrar pequenos momentos, pequenas histórias, coisas vividas nas viagens, pessoas queridas que estão distantes, isso é uma coisa que nunca vou deixar de fazer. 

Aos 40 anos a escritora descobre que tem câncer e Benjamim encontra uma carta datilografada de modo febril que ela conta como esta lidando com "o diagnóstico que lhe apontou a finitude da própria vida" e  faz algumas meditações  sobre o câncer as quais chamou de "Doença como metáfora" e com o mesmo cuidado, entre as páginas guarda  as receitas que seu médico em Paris escreveu para o tratamento de quimioterapia que não se pensava ainda nos Estados Unidos.

Benjamim destaca que "há algo melancólico nessa proximidade com uma pessoa que existiu e não existe mais". Essas coleções eram conhecidas em tempos passados como "restos literários", após uma vida escrevendo o que resta é isso. Fico imaginando o papel do biógrafo, a sua visão sobre o material que tem em mãos, e ao mesmo tempo no passar da vida, das caixas e miudezas que contam nossa hsitória e que um dia serão apenas "restos"  uma coisa triste mas também enriquecedor para quem tem a sensibilidade de encontrar os seus segredos.

Susan trabalhou boa parte de sua vida com o papel, suas cartas são reais seus livros escritos usando caneta e máquina de escrever. Quando ela faleceu em 2004  esses papéis estavam se convertendo em "restos". 

A explosão do material digital nos últimos 25 anos cria um grande desafio para os guardiões dos restos literários. O biógrafo ao entrar no arquivo da UCLA sentiu-se como Susan com suas inúmeras anotações cheias de palavras pouco familiares que definiam um mundo novo; "bit rot",  "software forense", "write blocker", no entanto, foi-lhe dito que estas palavras já estão em uso a mais de 20 anos e que portanto o material constituído por dois discos rígidos, são objetos físicos não sendo diferentes  dos livros tradicionais e manuscritos que os bibliotecários sempre colecionaram, mas que estes  são mais vulneráveis. 

São ameaçados pelo "bit rot" que é o que acontece quando os zeros e os dados digitais são gravados se confundem misteriosamente por certos equipamentos  de armazenamento instáveis como os drivers usb ou pela ameaça mais grave que a absolescência tecnológica. Fala-se ainda das atualizações em um arquivo do word a data muda para a data em que o arquivo foi consultado e o curioso que em "Ensaios sobre fotografia" Susan escreveu que tão somente olhar para alguma coisa já significava modificá-la.

Os arquivos de Susan Sontag foram preservados com a técnica conhecida como análise forense computacional chamada de "write blocker" que permite que o material seja visto sem deixar qualquer rastro do visitante. 

Fazemos uso mais e mais da tecnologia e hoje podemos ter mais informações em nossos celulares do que poderíamos imaginar. Os discos rígidos nas bibliotecas com certeza serão mais e mais consultados, mas "revelarão mais sobre nossas vidas? ou ao mostrar mais acabarão por revelar menos"?

As pessoas de minha geração lembram muito bem parece até que foi ontem, como foi a transição da máquina Olivetti manual para por exemplo uma IBM eletrônica e depois para os computadores, o mundo do e-mail, do word etc....uma época de descobertas, de comunicação rápida e também de certas perdas principalmente nas relações pessoais que passaram a ser mais a distância. Não que a tecnologia não seja boa ela é, simplifica a vida e nos ajuda muito em todos os sentidos. Mas eu ainda prefiro uma leitura tradicional, um livro que pode ser novo ou usado, sentir as folhas, o cheiro e tê-lo em minha estante para quem sabe ler  mais na frente outra vez e quem não gosta de receber cartas e cartões de natal, de aniversário pelo correio?

:)))) bom restinho de  domingo e uma semana maravilhosa