quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Café sem açúcar e o discurso de Reinfeldt na ONU
Loide Branco






É notícia quase de rodapé em um dos jornais mais lidos aqui por estas bandas do mundo, o discurso do primeiro ministro sueco na ONU. 

Ele começou a falar às 3 da manhã acredita? devido ao atraso dos demais, mesmo assim, deixou o seu recado. 

Começa o seu discurso falando que houve uma redução da pobreza  e que as pessoas vivem mais agora. Que a economia mundial tem crescido e a tecnologia tem progredido a uma velocidade vertiginosa, mas que com tal progresso, faz-se também os desafios. E a ONU desempenha assim um papel definitivo na consecução das metas para o milênio. 

Entre tantas coisas que abordou quero apenas destacar um assunto que é muitíssimo importante para nós mulheres unidas, que é sobre a igualdade e direitos humanos das mulheres pelo mundo afora.

Reinfeldt aborda o seu tema chave e principal que é sobre os direitos das mulheres no mundo ao qual  chama de "a grande falha em todos os campos dos  direitos humanos. "A igualdade é algo que deveria ser óbvio. Entretanto, bilhões de mulheres são expostas a violência sexual e física, e ainda assim, a milhares de mulheres são negados o mesmo direito a saúde e 800 mulheres morrem em complicações associadas a gravidez e ao parto e adiciona que também são negados as mulheres e meninas o direito a educação e formação.

Acrescenta ainda que para muitas mulheres, a ideia de que em um governo deve haver mais mulheres do que homens ministros, como temos na Suécia, é uma utopia. Muitas dessas mulheres nem sequer são autorizadas a votar.

E disse mais: deixe-me ser muito claro. Não é aceitável, não é inteligente a discriminação contra mulheres e meninas."

Esse discurso sobre igualdade parece ser para muitos apenas uma boa retórica, mas nós mulheres que nascemos em países que não tem uma atitude tão discriminadora e violenta em relação as mulheres, e podemos de alguma forma ter educação, direito ao voto, a trabalhar e seguir nossos sonhos, sabemos o quão necessário é bater na mesma tecla, o quão necessário é termos pessoas influentes levantando a bandeira da igualdade para as mulheres, denunciando os absurdos, as violências que muitas sofrem todos os dias.

Realmente, eu concordo quando ele diz que é "a grande falha em todos os campos dos  direitos humanos" porque existe apenas no papel e em muitos lugares nem no papel, esse direito é ignorado, retirado e trancado a sete chaves, no entanto, temos que fazê-lo visível.

Sentimos um certo ar de descrença quando ouvimos em pleno século XXI, que este ou aquele país não permite a educação de mulheres, de meninas, que estas não podem dirigir um carro, não podem ter uma formação técnica dirá universitária, que são dadas em casamento com 13-14 anos, a pessoas que nunca viram, que morrem ao dar a luz devido a pouca idade e complicações.

Quem sabe um dia as coisas melhorem? E estes milhares de mulheres, meninas possam dar o seu contributo na sociedade que vivem.


Bom dia e bom café!!!!
:-))


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sugestão do dia: 
Sopa de legumes, salada de alface e cogumelos dourados
Loide Branco






Ingredientes sopa:

1 beringela
1 nabo
2 maços de cebolinha
1 pimentão
1 tomate maduro picado
1 cebola picada ou ( 1 pacote de sopa de cebola)
1 dente de alho
1 cenoura
1 xícara de vagem picada
1/2 maço de salsão
1/2 maço de cheiro verde
1/4 repolho picado
1/2 colher de sopa de curcuma ou curry

Modo de Fazer:

Corte todos os vegetais em cubos, numa panela cubra os vegetais com água e deixe cozinhar até que fiquem macios. Em seguida bata no liquidificador pois fica mais saborosa, devolva a panela e acrescente um fio de óleo de azeite e sal mas não muito, deixe cozinhar mais um pouco e pronto. Esta porção é grande da para 4 pessoas.

Ingredientes Salada:

4 folhas de alface fresco e bem lavados
4 tomates cereja  limpos e cortados em 4
um pouquinho de cebola fatiada bem fina pode ser  branca ou roxa
um pouquinho de pepino fresco fatiado
1/4 de  limão
1 pitada de sal

É só arrumar direto  no prato.

Cogumelos dourados

100g de cogumelos
1 dente de alho
1/4 de cebola picada
1 colher de chá de óleo de  oliva (opcional)
1/2 colher de chá de margarina light (opcional)

Modo de fazer:

Lave bem os cogumelos, corte em fatias, coloque numa panela, acrescente o alho, a cebola, tampe e deixe cozinhar, quando estiverem macios e a água secar, acrescente o óleo de oliva, a margarina e deixe dourar um pouco. Sirva a seguir.

Essa sopa estava em um site de dieta mas fiz a minha versão, substitui por exemplo a sopa de cebola em pacote, que tem muito sal  por cebola fresca, diminui o salsão pois não sou muito chegada, acrescentei o alho, o cheiro verde que amo o azeite, a curcuma para dar uma cor ao invés do curry que é muito apimentado e a pitada de sal. Dizem que é ótima para queimar calorias e tudo que queima banha é comigo mesmo. Por isso tomo no almoço e jantar uma tigelinha ou 2 conchas aproximadamente.

Gosto sempre de vegetais aquecidos e hoje pensei nesses cogumelos. É bem simples e se você gosta de uma refeiçäo leve e light fica uma delícia. Aqui na Suécia os cogumelos frescos não são caros e eu adoro.

Bom apetite!!! :-))

segunda-feira, 23 de setembro de 2013



Kafka tinha razão
Loide Branco


O Processo - Franz kafka





"Alguém devia ter difamado Josef K., pois,  certa manhã,  sem que tivesse feito qualquer mal, foi preso.

Foi-lhe instaurado o processo e o senhor saberá tudo na devida altura.

Que tipo de pessoas eram elas? De que falavam? A que instituiçao pertenciam? mas K. vivia num estado de direito, reinava a paz por toda a parte, todas as leis estavam em vigor, quem ousava invadir os seus aposentos? "

Já devem ter percebido que os pequenos trechos acima são do livro O Processo de Franz Kafka obra que foi também levada ao cinema por Orson Welles em 1999. 

Este foi um dos livros que andei lendo ano passado (fora as revistas de moda :-)) e que quero comentar por aqui, na verdade eu já havia começado a lê-lo à algum  tempo atrás mas porque o tempo era curto e haviam muitas coisas a serem feitas acabou ficando de lado. Mesmo assim consegui retomar a leitura e ir até o fim devo dizer que adorei a leitura e terminei com tristeza pelo resultado.

Existem milhares de comentários, estudos, reflexões sobre esta obra e alguns dizem que seria bom conhecer a sua biografia (por isso fiz o outro post), saber a época em que viveu, para depois sim começar a ler a obra propriamente. Vale a pena mesmo conhecer um pouco de sua vida conturbada e entender esse autor. 

Pois bem, tendo dito isso, agora, penso eu,  compreendo melhor o que na realidade  o que Kafka queria transmitir.

Então Joseph K., bancário e prestes a completar 30 anos de idade, acorda uma bela manhã e ver que não está sozinho em seu quarto, dois homens vestidos de pretos entram em seus aposentos para lhe dizer que estar preso, sim preso, sem explicações maiores, dizem que foi instaurado um processo e que este ao tempo certo saberá o porquê, afirmam também que o processo será longo. 

Uma curiosidade um misto de incredulidade, absurdo e surrealismo é o primeiro sentimento  de Joseph. K. (e também meu), será uma brincadeira de seus amigos do banco? o que significa tudo isso? Ele não acredita e nem eu leitora acredito, que alguém simplesmente entre em sua casa, em seus aposentos e lhe diga que está simplesmente preso, sem mandato, sem razão.

Então assim começa o desenrolar da trama  com esta perplexidade diante do inexplicável, mas será mesmo que alguém pode ser preso dessa forma sem mais? a narrativa vai em um crescente nos levando a um estado de constante indignação e absurdo e pensamos, tal qual Joseph K., mas "vivemos num estado de direito" não é? Isso não acontece, podemos sempre contar com o que diz a Constituição, a nossa lei maior.

Mas as coisas não são assim, Josef K., procura em secretarias instaladas em sótãos, investiga, procura novamente e nunca chega a uma resposta, não encontra o seu processo, não encontra uma explicação, pessoas e funcionários desonestos atravessam seu caminho e apenas dizem que o processo está próximo a um fim, que logo saberá do resultado. Joseph K., resigna-se ao ponto de não opor-se a sua execução mas, até o fim trágico, insiste em sua inocência.

O Processo foi publicado em 1925, muitas coisas aconteceram mas quantas vezes nos deparamos em situações da vida assim tão absurdas? não falo em situações de uma pessoa ser presa, mas sim de situações corriqueiras que parecem ficção.

E lendo as notícias do meu Brasil da última semana, os comentários de amigos no facebook, e nos jornais, indignados e alguns até enlutados  com o resultado daquele julgamento, penso que sim, Kafka tinha razão, quando no livro fala de uma "lei maior e inacessível"  mas que está perfeitamente de acordo com a sociedade de que fala e me fez lembrar do famoso "embargo infringente" que virou até piadinha, Kafka estava mesmo tendo uma premonição da política brasileira.

O que aconteceu  no Brasil semana passada e vem acontecendo todos esses anos, essa falta total de desrespeito ao povo e o que se passa ao redor do mundo, as milhares de injustiças, atentados, atos arbitrários e outras coisas mais que nos chocam e nos deixam realmente a pensar. 

Se Kafka estivesse vivo e pudesse ter presenciado todos esses acontecimentos  com certeza teria dado uma risadinha e dito, tá vendo? eu já sabia a muito tempo atrás, a sociedade continua exatamente da mesma forma.

Mas se as notícias dos tablóides não nos parecem tão convidativas, se você como eu está cansado de notícias que não acrescentam nada em sua vida, porque simplesmente as coisas não mudam, e que o mundo é uma confusão difícil de entender,  acredito que vale a pena pegar "O Processo" de Franz Kafka, uma boa xícara de café, sentar em um lugar tranquilo banhado pelo sol e se transportar para o mundo de Kafka e  suas idéias.

Deixo minha dica. 

bjssss e boa semana

:-)))

(O Processo - Franz Kafka, 317 páginas, a minha edição é portuguesa  a 3a. da editora Assírio & Alvim)
Kafka era vegetariano
Loide Branco




Franz Kafka





Você já deve ter lido alguns dos livros famosos de Kafka, entre eles: O Processo, A Metamorfose a lista é longa. Lendo um pouco sobre sua biografia, achei várias coisas interessantes, que de forma compacta quero compartilhar por aqui.

Tudo isso porque no próximo post eu faço um pequeno comentário sobre o livro "O Processo", sobre o que penso. E acho que muitas vezes nos identificamos com algumas frases, ditos, justamente porque esses autores consagrados conseguem traduzir de forma tão perfeita, precisa e simples  nossos sentimentos, e acho que Kafka é atual e sempre me faz pensar no que vivenciamos, como somos espectadores nesse mundo e como muitas vezes passamos por ele algumas vezes reconhecidos, amados admirados e outras vezes invisíveis.

Conta-se que ele era de uma família classe média burguesa de judeus, ele nasceu em 3/7/1883 em Praga.

Kafka considerava o alemão a sua língua materna, e o detalhe era que na época o fato de falar alemão era um privilégio uma questão de ascensão social,mas ele também falava e escrevia muito bem o tcheco. 

Começou a estudar Química mas depois mudou para o Direito, para agradar ao pai e também porque nessa área as possibilidades de emprego eram melhores. Em 1906 ele recebe seu Certificado de Doutor e fez um estágio obrigatório durante um ano sem salário, como escrivão no Tribunal Civil e Penal. Alguma semelhança com os jovens advogados do século XXI ou mesmo recém formados de outras áreas?

Em seguida começa a trabalhar numa empresa de seguros, o que seu pai Hermann sempre dizia que era um emprego só para pagar as contas "a bread job". Mais alguma semelhança? quantos vivem de "bread job"??? A bibliografia de Kafka é extensa, rica mas achei também muito interessante o fato dele ter conhecido em 1911 um grupo de teatro Yiddishi fazendo assim uma imersão na literatura  e também na língua, conta-se que nessa época ele tornou-se vegetariano, não imaginava kafka vegetariano você consegue imaginar?

Ele vivia em conflito com seu pai, que era muito austero, nesse período surgiu um movimento chamado Existencialismo e dizem que ele fazia parte e que era comum os escritores terem ódio da figura paterna; o fato é que o seu pai influenciou muito de seus escritos.

Um pequeno parêntese para dizer que a ideia  e ponto de partida do existencialismo é que o  indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. Muitos existencialistas também viam as filosofias académicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstractas e longínquas das experiências humanas concretas. 

Continuando, dizem que Kafka teve uma vida íntima muito ativa e que era torturado por desejos sexuais  estes detalhes picantes não vou alongar, mas o fato é que ele teve alguns relacionamentos com algumas mulheres entre elas Felice Bauer, e eles se corresponderam durante 5 anos por cartas e que ficou noivo 2 vezes com desta.

O seu noivado em 1914 durou apenas seis semanas, ele rompeu o noivado e isolou-se na casa da irmã Valli e lá continuou a escrever O Processo que foi justamente influenciado pela leitura de um de seus autores favoritos Heinrich von Kleist, pela ideia subjacente de justiça que havia na novela de Kleist e a realidade, o sentimento de culpa provocado pelo rompimento do noivado, o que fez nascer assim O Processo. Achei interessante também, o fato de sua mãe escrever  à Felice: "Talvez ele não tenha sido criado para o casamento, pois a sua ambição é apenas a sua escrita, ela é para ele o mais importante na vida". Escrever era então uma forma de oração para Kafka como ele viria a dizer.

kafka tinha medo que pensassem que ele era mental e fisicamente repulsivo e houve quem falasse que ele tinha uma certa desordem esquizofrênica.
Mas quem conheceu ele de perto achava que tinha um comportamento quieto, agradável com um excelente senso de humor e possuía uma inteligência óbvia. Ele tinha uma aparência austera que não condizia com sua personalidade considerada infantil e encantadora. Sempre pronto a ajudar e aconselhar os amigos.

Era também bom corredor, remador e nadador e adorava fazer caminhadas nas montanhas com os amigos nos finais de semana. Também se interessava por medicina alternativa, o método moderno de educação chamado Montessori e novidades como o avião e o cinema. Conta-se também que foi filiado ao partido socialista e que usava um cravo vermelho na lapela para que vissem que era socialista e satirizava a burocracia do comunismo.

Era fascinado também pela cultura judaica, mesmo porque fazia parte de sua história e frequentemente se perguntava o que havia de comum com ele e o judaismo ao que respondia que não tinha nada em comum e que deveria ficar quieto no seu canto.

Em 1923 ele conhece uma polaca de origem judaica, com quem passa a viver em Berlim. Porém, a inflação, a miséria e o seu estado físico debilitado pois foi diagnosticado com tuberculose o que não havia cura, tudo isso derruba Kafka definitivamente. 

A tuberculose piora, e em 10 de Abril de 1924 ele é internado em um sanatório, sua irmã Ottla cuida dele mas em 3 de Junho de 1924 ele falece e a causa da morte foi a  fome devido a sua condição, sua garganta fechou era muito difícil se alimentar e na época ainda não haviam desenvolvido a nutrição parenteral. Seu corpo foi trazido para Praga e enterrado no Cemitério Judeu.

Kafka foi desconhecido durante toda a sua vida mas ele não considerava a fama em si importante. Mas logo após a sua morte, tornou-se famoso.

E para terminar, Kafka resume assim o seu conflito absurdo com o universo, na página inicial de seu diário:

"Fechado em quatro paredes eu me encontro tal qual a um imigrante aprisionado em um país estrangeiro;.. eu vejo minha família como aliens, estranhos, cujo costumes estrangeiros, rituais e língua, desafiam a compreensão; ... embora eu não queira isto, eles me forçam a participar em seus rituais bizarros;... eu não pude resistir..."

Em aforismos número 50 escreveu:

"Em minha cabeça, tenho um mundo imenso. Mas como me libertar e libertá-lo sem rasga-los. Eu prefiro mil vezes rasgá-lo em mim do que segurá-lo ou enterrá-lo. É por isso que estou aqui e isso é muito claro para mim".

"O homem não pode viver sem uma confiança permanente em algo indestrutível dentro de si, embora ambos, o indestrutível às vezes e sua própria confiança, possa permancer permanentemente dentro dele".