domingo, 23 de setembro de 2012

Você é "smart"?
Loide Branco



Já parou para pensar nas várias línguas, faladas nesse nosso mundo? já teve vontade de aprender uma língua estrangeira mas por diversos motivos nunca pode fazê-lo? Já pensou que nosso primeiro incentivo em aprender é o fato de que o mundo em que vivemos ser cada vez mais globalizado e que temos que de uma forma ou de outra ter uma vantagem, no sentido de sermos melhor remunerados pelo trabalho que realizamos... 

Os motivos que levam uma pessoa a aprender uma língua nova são diversos: a paixão por uma outra cultura, a vontade de perceber melhor o outro, ou porque a família mudou de país e se faz necessário aprender para facilitar a vida, enfim, mil razões existem...

E pensando sobre isso, sobre os meus motivos e motivações pois estou aprendendo sueco e vendo e sentindo na pele como aprender mais uma língua pode ser interessante e também um grande desafio, e como nos expressamos de uma  forma na lingua portuguesa e na língua sueca o sentido é outro...como armazenamos mais conhecimento e como às vezes sentimos um conflito dentro de nosso cérebro, quando por exemplo esquecemos uma palavra em nossa língua materna, quando os significados se misturam, mas como logo em seguida recuperamos a informação e lembramos..é facinante e melhor a ciência explica..

E lendo sobre este assunto  achei interessante o estudo que foi feito entre pessoas que são bilíngues e outras que são monolíngues e marcou o fato de que pesquisadores dizem que a vantagem de ser bilíngue vai além da habilidade de conversar em idiomas diferentes pois o que se deve pensar é no efeito profundo que esta atividade terá em nosso cérebro pois melhorará a capacidade cognitiva (o que significa mais ou menos a nossa capacidade de memória, atenção, percepção, ou conforme o paradigma de Donald Broadbent (1958) sobre a psicologia cognitiva como um processamento de informação e assim os processo mentais seriam comparados a um software a ser executado por um computador que neste caso é o cérebro - entrada, representação, computação ou processamento e saidas) que não está relacionada propriamente com a linguagem, o aprendizado do novo idioma servirá dessa forma como um escudo contra a demência na velhice.

Interessante descobrir que no século XX não muito longe diga-se..os pesquisadores e educadores acreditavam que uma segunda língua seria uma interferência na capacidade cognitiva de uma criança porque iria retardar o desenvolvimento intelectual desta criança. Esta visão não estaria de todo errada pois há evidências que em um cérebro bilíngue ambos os sistemas de linguagem estejam ativados mesmo quando é usado somente uma língua embora crie situações em que um sistema obstrua o outro. Esta interferência, segundo os pesquisadores é uma bênção disfarçada pois força a mente a resolver conflitos internos através de um trabalho mental que fortalecerá a cognição.

Indivíduos bilíngues parecem ser mais hábeis a resolverem certos tipos de quebra-cabeças mentais do que os monolíngues inclusive estudos realizados com crianças em idade pré escolar em 2004 pelas psicólogas Ellen Bialystok and Michelle Martin-Rhee mostrou que as que eram bilíngues resolveram as tarefas propostas pela pesquisa, com maior rapidez.

Estudos sugerem também que uma experiência bilíngue melhora a chamada função executiva do cerebro que seria um sistema de comando que processa e direciona a atenção que usamos para planejar, resolver problemas e demais tarefas mentais. Este processo inclui ignorar as distrações e manter o foco, trocando a atenção intencional de uma coisa para outra como por exemplo a sequência de direções quando estamos dirigindo.

Por que que a disputa entre dois sistemas de linguagem simultaneamente ativos melhora os aspectos de cognição? até recentemente pensava-se que a vantagem bilíngue resultava de uma inibição  que foi  aperfeiçoada pelo exercício de supressão de um dos sistemas de linguagem. Acreditava-se que esta supressão iria ajudar a treinar a mente bilíngue a ignorar distrações em outros contextos. Esta explicação parecia cada vez mais inadequada, uma vez que estudos tem mostrado que  bilíngues tem um melhor desempenho que monolíngues mesmo em tarefas que não requerem a  inibição.  

A diferença entre bilíngues e monolíngues poderá ser mais básica: um aumento na habilidade de monitorar o ambiente. "Bilíngues tem que mudar de linguagem muito frequentemente - você poderá falar com seu pai em uma língua e com sua mãe em outra," diz Albert Costa pesquisador da Universidade de Pompeu Fabra na Espanha. "Requer manter o controle das mudanças ao seu redor quando dirigindo. 

   A experiência bilíngue parece influenciar o cérebro da infância até a  velhice (e há uma razão que se acredita poder também se aplicar àqueles que aprenderam uma segunda língua mais tarde).

  Estudos realizados por Agnes Kovacs da Escola de Estudos Avançados de Trieste, Itália - os bebê de 7 meses expostos a duas línguas desde o nascimento foram comparados com seus pares expostos a uma língua. Numa série de testes iniciais  as crianças foram presenteadas com um audio e depois foi mostrado um boneco em um lado da tela. Ambos os grupos de crianças foi ensinado a olhar para aquele lado da tela em antecipação do boneco. Mas em estudos posteriores quando os bonecos começavam a aparecer no lado oposto da tela os bebês expostos ao ambiente bilíngue rapidamente aprenderam a mudar em antecipação a olhar na nova direção enquanto os outros não.

  Os efeitos bilíngues também ocorrem em idosos. Estudos recentes realizados em 44 idosos bilíngues em espanhol-inglês conduzido pelo neuropsicologista Tamar Gollan da Universidade da Califórnia, São Diego, mostrou que indivíduos com um alto grau de bilinguismo medido através de uma avaliação comparativa de proficiência em cada uma das línguas - eram mais resistentes que os outros a fase inicial da demência e outros sintomas da doença de Alzheimer's: quanto mais alto o grau de bilinguismo mais tardia a idade para o seu começo.

   Ninguém nunca duvidou do poder da linguagem. Mas quem poderia imaginar que as palavras que ouvimos e as sentenças que falamos pudesse deixar uma marca tão profunda?

A verdade é que não importa o quão "smart" possamos ser considerados ou  (nos acharmos)o conhecimento está para todos àqueles que queiram se dedicar e esforçar em aprender, e o principal é que este conhecimento lhe proporcionará não somente uma capacidade de compreensão e realização pessoal mas acima de tudo uma saúde mental que poderá com certeza mudar o seu futuro.

(fonte: Bilinguals Are Smarter - The New York Times By  Published: March 17, 2012)