terça-feira, 21 de junho de 2011

Coimbra

                                              Indo para a baixa
                                                   o pôr-do-sol

                                               Vista do Rio Mondego

                                                 Restaurante Itália
                                                     

algumas coisas sobre mim


   
As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
                                   Carlos Drumond de Andrade

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...
                           Pablo Neruda
Uma coisa sobre mim...é o Jon...estamos juntos por uma década...


Coisas que gosto I - poesias

   Os amigos sempre nos mostram algo de bom...e nunca vou esquecer o dia que minha amiga Ângela me emprestou a sua coleção de Cora Coralina e eu simplesmente adorei ler a sua obra e saber de sua vida. Aí vai mais um pouquinho...


CORA CORALINA

Cora Coralina nasceu em 20 de agosto de 1889, na casa que pertencia à sua família há cerca de um século, e que se tornaria o museu que hoje reconta sua história. Filha do Desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e Jacita Luiza do Couto Brandão, Cora, ou Ana Lins dos Guimarães Peixoto (seu nome de batismo), cursou apenas as primeiras letras com mestra Silvina e já aos 14 anos escreveu seus primeiros contos e poemas. "Tragédia na Roça" foi seu primeiro conto publicado.
Em 1910 casou-se com o advogado Cantídio Tolentino Bretas e foi morar em Jabuticabal, interior de São Paulo, onde nasceram e foram criados seus seis filhos. Só voltou a viver em Goiás em 1956, mais de vinte anos depois de ficar viúva e já produzindo sua obra definitiva. O reencontro de Cora com a cidade e as histórias de sua formação alavancou seu espírito criativo.
Cora Coralina faleceu em Goiânia, a 10 de abril de 1985. Logo após sua morte, seus amigos e parentes uniram-se para criar a Casa de Coralina, que mantém um museu com objetos da escritora.
ANTIGUIDADES

Quando eu era menina
bem pequena,
em nossa casa,
certos dias da semana
se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.


Era um bolo econômico,
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)


Eu era menina em crescimento.
Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom
e tão gostoso.


A gente mandona lá de casa
cortava aquele bolo
com importância.
Com atenção. Seriamente.
Eu presente.
Com vontade de comer o bolo todo.


Era só olhos e boca e desejo
daquele bolo inteiro.
Minha irmã mais velha
governava. Regrava.
Me dava uma fatia,
tão fina, tão delgada...
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais !
E o bolo inteiro,
quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado,
num armário, alto, fechado,
impossível.


Era aquilo, uma coisa de respeito.
Não pra ser comido
assim, sem mais nem menos.
Destinava-se às visitas da noite,
certas ou imprevistas.
Detestadas da meninada.


Criança, no meu tempo de criança,
não valia mesmo nada.
A gente grande da casa
usava e abusava
de pretensos direitos
de educação.


Por dá-cá-aquela-palha,
ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas
não faltavam.
Quando não,
sentada no canto de castigo
fazendo trancinhas,
amarrando abrolhos.
"Tomando propósito".
Expressão muito corrente e pedagógica.


Aquela gente antiga,
passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.


Não poupava as crianças.
Mas, as visitas...
- Valha-me Deus !...
As visitas...
Como eram queridas,
recebidas, estimadas,
conceituadas, agradadas !


Era gente superenjoada.
Solene, empertigada.
De velhas conversas
que davam sono.
Antiguidades...


Até os nomes, que não se percam:
D. Aninha com Seu Quinquim.
D. Milécia, sempre às voltas
com receitas de bolo, assuntos
de licores e pudins.
D. Benedita com sua filha Lili.
D. Benedita - alta, magrinha.
Lili - baixota, gordinha.
Puxava de uma perna e fazia crochê.
E, diziam dela línguas viperinas:
"- Lili é a bengala de D. Benedita".
Mestre Quina, D. Luisalves,
Saninha de Bili, Sá Mônica.
Gente do Cônego, Padre Pio.


D. Joaquina Amâncio...
Dessa então me lembro bem.
Era amiga do peito de minha bisavó.
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado 9 horas
e a corneta do quartel, tocado silêncio.
E só se ia quando o galo cantava.


O pessoal da casa,
como era de bom-tom,
se revezava fazendo sala.
Rendidos de sono, davam o fora.
No fim, só ficava mesmo, firme,
minha bisavó.


D. Joaquina era uma velha
grossa, rombuda, aparatosa.
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.


Anéis pelos dedos.
Bichas nas orelhas.
Pitava na palha.
Cheirava rapé.
E era de Paracatu.
O sobrinho que a acompanhava,
enquanto a tia conversava
contando "causos" infindáveis,
dormia estirado
no banco da varanda.
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
E quando este aparecia,
vencida pelo sono já dormia.
E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.


De manhã cedo
quando acordava,
estremunhada,
com a boca amarga,
- ai de mim -
via com tristeza,
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro.
O prato vazio, onde esteve o bolo,
e um cheiro enjoado de rapé.

Autora: Cora Coralina
  www.velhosamigos.com.br

Com passos ainda tímidos vou seguindo...ainda não cheguei!


   Pois é, ainda não cheguei na Suécia... :-)

   Estou naquela fase um tanto chata que é a mudança, as burocracias a serem cumpridas, as inúmeras procuras de absolutamente tudo, e tudo é tudo mesmo: informações quanto aos costumes locais, a escola para o filho, a candidatura do mestrado, o curso de suéco, e a fatídica e entediante procura de um apartamento... o sistema de transporte, de saúde....nossa quanta coisa!!!!

   A minha sorte é que navegando pela net encontrei vários blogs e literalmente "devorei" todas as informações úteis e impressões vividas pelos conterrâneos e também outros estrangeiros que já lá estão.

   Realmente ajuda muito porque ler os vários websites, comprar livros de turismo nunca se compara com as experiências das pessoas, sejam elas boas ou más.

  Não é a primeira vez que saio do Brasil...aliás eu sou um pouco cigana e no momento um pouco sem "identidade" e lendo o blog da "Borboleta pequenina Somniando na Suécia" faço de suas palavras e inquietações as minhas...

   Desde 2000 que venho "caminhando" a princípio a razão foi a busca de oportunidades de vida, conhecer novas culturas, o velho sonho de aprender inglês na terra da rainha...então vivi por uns tempos em Londres, lá conheci meu marido que é norueguês, na época passei um natal em Stavanger e confesso que gostei....mas depois voltei pra minha vida em Londres, para o trabalho, os estudos....

   Em 2003 decidimos morar no Brasil, no Rio de Janeiro e precisamente em Rio das Ostras....era bom acordar com o som das ondas, os dias ensolarados, a vida pacata de uma cidade pequenina...lá meus filhos passaram os melhores momentos de meninice, eu aprendi a andar de bicicleta finalmente, tive aulas de artesanato, pintura em tecido, crochê com as as senhoras do centro cultural de Rio das Ostras, foram dias felizes mas um tanto difíceis também pois vivi toda a minha vida em São Paulo (sou nascida em Fortaleza e quando pequena mudamos para São Paulo), depois mudei para Londres, então minha vida ficou um pouco parada eu estava um pouco deprimida queria continuar os estudos, preencher meu lado profissional. Enfim, são tantas as coisas a dizer...mas aos poucos vamos revelando..

   No início de 2004 entro então para o curso de Direito no Instituto IMA que agora, diga-se, já não é mais. Faço novas amizades, adquiro conhecimentos, oportunidades. Estudei 2 anos nessa faculdade e em 2006 decidimos retornar para a Europa o plano inicial era a Noruega, terra natal de Jon mas devido ao meu curso achei que seria melhor eu tentar fazê-lo em um país cuja língua fosse mais acessível e dessa forma eu poderia concluir mais rápido (ledo engano) então me candidatei para a Universidade de Coimbra, a qual fui aceita.

   Desde então temos estado aqui em Coimbra-Portugal e tem sido uma experiência e tanto...se é que posso dizer...outra hora falo mais...

   Mas agora chegou o momento de "partir" novamente e fixar as raízes, enfim, chega de ficar para lá e para cá..."sem rumo, sem direção, sem lenço sem documento"...

   Irei candidatar-me para o mestrado em Lund na Suécia e estamos fazendo todos os preparativos para que esta mudança corra bem...meu marido já viveu na Suécia anos atrás e para ele não será difícil estar por lá..afinal também é viking...para mim e para o meu filho (um deles porque o outro está em São Paulo) será uma verdadeira aventura a princípio, pois lá vou eu de novo aprender uma nova língua...mas no fundo eu gosto de toda essa experiência, gosto da diversidade.

   Na verdade o lar da gente pode ser em qualquer lugar desde que tenhamos nossa família conosco e que estejamos felizes.

   A vida é o que é, temos nossos sonhos que ficam guardados em pequenas caixinhas vamos abrindo uma a uma a seu devido tempo e aos poucos aprendemos um pouco mais e enriquecemos nossas vidas a medida que novos ciclos recomeçam. Cada um sabe até onde pode ir e vamos contando com ajuda divina e a proteção dos anjos.
   
   Hoje fico por aqui....




   

Não Sei..

NÃO SEI...

Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.
Autora: Cora Coralina
Claude Monet